Autor: Gisett Elizabeth Lara Lara (Currículo Lattes)
Resumo
A "colonialidade de gênero" é a forma como a filósofa e feminista argentina María Lugones denomina a opressão de gênero racializada e capitalista sofrida pelas mulheres colonizadas na América Latina. Pensamento que decorre das pesquisas de Aníbal Quijano sobre a "colonialidade do poder", questionando e ampliando esta teoria a partir do gênero. O feminismo descolonial surge considerando essa opressão e incorporando em suas demandas as vozes das mulheres terceiro-mundistas de cor, indígenas, mestiças e todas aquelas que tenham sido oprimidas como produto da "colonialidade de gênero". A seguinte investigação é uma aproximação ao trabalho do feminismo descolonial e indígena latino-americano realizando, a partir desse suporte teórico, uma leitura de El cuarto mundo (1988), da escritora chilena Diamela Eltit. A leitura realizada permite analisar o texto literário como exposição e questionamento da realidade em que opera a "colonialidade de gênero", e também, como proposta de "resistência" vinculada a estratégias que pretendem a subversão de gênero e a autoafirmação feminina presentes no romance. Estas estratégias pretendem a descolonização de gênero e a recuperação política das mulheres nas comunidades, objetivo do feminismo descolonial. O vínculo entre a teoria feminista descolonial e o romance responde, ao projeto político e literário que Diamela Eltit tem traçado desde a escritura, sendo o próprio romance, El cuarto mundo, uma forma de resistência à opressão colonialista sofrida pelas mulheres na América Latina.