Tese - Travessias da memória no romance Ciranda de pedra, de Lygia Fagundes Telles

Autor: João Pedro Rodrigues Santos (Currículo Lattes)

Resumo

Memória, lembrança, reminiscência, rememoração, esquecimento, imaginação. São estas algumas das problemáticas e dos questionamentos que perpassam, interseccionam e norteiam grande parte da ficção da escritora brasileira Lygia Fagundes Telles. Nesta tese defendemos que, essencialmente, a memória, funciona como uma espécie de leitmotiv no romance Ciranda de pedra, o primeiro romance da ficcionista. Perscrutando o romance referido, verificamos que a forma como a protagonista lida com a memória é o elemento que configura a tessitura do texto e a trama narrativa. É a própria memória, tal como Penélope, que tece e destece o tecido narrativo do romance ao sabor de sua angustiante onipresença, seu caráter cíclico e perene na elaboração da obra em questão, fazendo perceber a sua presença através da forma com que as personagens se movimentam. A memória impõe seu ritmo à narrativa, à transformação das personagens e, também, aos temas suscitados e discutidos ao longo da narração. Além disto, o romance é inteiramente perpassado por imagens simbólicas e míticas, sobretudo imagens do elemento água. Fontes, rios, espelhos e outros símbolos que remetem à água fazem parte da forma como a memória é elaborada no romance. Em suma, o que comprovamos ao longo deste estudo foi que a matéria-prima que dá sustentação ao romance Ciranda de pedra é a memória, e a memória é construída dentro do romance a partir do simbolismo evocado pela água e de uma linguagem simbólica como um todo.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: Literatura brasileiraMemóriaEsquecimentoPersonagensÁguaTelles, Lygia Fagundes, 1923-2022