Tese - Escrita do presente, vozes do passado : espaços de ação na literatura contemporânea escrita por mulheres

Autor: Juliana Tomkowski Mesko da Fonseca (Currículo Lattes)

Resumo

Em quatro movimentos, busca-se refletir sobre como a posição de autoria e as dinâmicas de produção da escrita e da leitura desenvolvidas com as novas mídias, no decênio de 2010, interagem reciprocamente na produção dos sentidos da literatura contemporânea, em especial dos romances escritos por mulheres, compreendendo-se a escrita como forma de ação em um mundo compartilhado. No primeiro capítulo, resgata-se a história da literatura brasileira na perspectiva da participação das mulheres leitoras e das mulheres autoras de romances - e de seu ocultamento pelos manuais tradicionais. O capítulo retoma a formação do campo literário nacional até o início da década de 2010. O esforço empregado destina-se a caracterizar o campo literário brasileiro contemporâneo, destacando diferenças que se manifestaram em relação aos períodos anteriores. A partir desse contexto, o segundo capítulo debruça-se sobre essa década específica sob a perspectiva dos movimentos feministas, que pautaram debates públicos a partir de 2015. Demonstra-se como a chegada das redes sociais e a onipresença das mídias digitais modificaram as formas de interação social, viabilizando a transposição de insatisfações outrora experienciadas individualmente para a esfera pública. Nesse sentido, o capítulo destaca como a nova onda do feminismo aliou discussões teóricas aos movimentos políticos da vida em redes digitais e interferiu, de modo notável, nas conformações do campo literário brasileiro. O capítulo se encerra com questionamentos acerca do próprio fazer literário e de que maneira pode ter sido afetado. No terceiro capítulo, com o propósito de encontrar instrumentos conceituais para analisar os modos com que as obras escolhidas dialogam com seu contexto histórico de produção, articularam-se pensadores como Arendt, Bakhtin, Hutcheon e Federici, entre outros. O último e quarto capítulo dedica-se à análise de dois romances publicados na década de 2010, narrativas voltadas ao passado e às condições de possibilidade de ação de mulheres em outros tempos. De Martha Batalha, A vida invisível de Eurídice Gusmão (2016), e de Maria Valéria Rezende, Carta à rainha louca (2014). Destacam-se, na costura do pensamento, as formas de ação das personagens e sua relação com a escrita no contexto de períodos históricos em que mesmo o ato da fala, enquanto discurso, é a elas interditado. Volta-se, assim, aos primeiros capítulos de modo a fechar o círculo: um olhar contemporâneo sobre a história das mulheres no Brasil.

TEXTO COMPLETO

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