Dissertação - Análise acústica da produção das oclusivas dentais do espanhol por estudantes universitárias do Rio Grande do Sul

Autor: Louise Oliveira da Silva (Currículo Lattes)

Resumo

A presente dissertação teve por objetivo analisar a produção das oclusivas dentais (/t/ e /d/) do espanhol, quando seguidas por [i], por estudantes sul-rio-grandenses dos cursos de Letras Português/Espanhol da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), tendo em vista que a produção destas consoantes se difere na língua portuguesa, Primeira Língua (L1) das universitárias, e na língua espanhola, Segunda Língua (L2). No português, as consoantes /t/ e /d/, além de serem produzidas como oclusivas, também podem ser produzidas como africadas [t] e [d] quando diante de [i], este processo é denominado de palatalização, e não ocorre no espanhol. Nesse sentido, considerando as particularidades de ambas as línguas, o aprendiz pode transferir certas características que são próprias da sua L1 na produção da L2 durante o processo de aquisição, como o fenômeno da palatalização. Este estudo baseou-se em Silva (2003) sobre a caracterização articulatória das oclusivas /t/ e /d/ e seus alofones no português, bem como em Hualde (2014), sobre a articulação das oclusivas /t/ e /d/ e da africada /t/ no espanhol. Além disso, os estudos de Silva et al. (2019), sobre a acústica dos segmentos oclusivos e africados do português, e de Celdrán (1998), sobre as propriedades físicas dos segmentos oclusivos, aproximantes e africados do espanhol, serviram de suporte para a pesquisa. Os trabalhos de Suisse (2020), Ortega (2009) e Gass e Selinker (2008) referentes ao processo de aquisição de línguas, principalmente no que diz respeito à influência interlinguística, também foram consultados para a elaboração desta dissertação. Em relação aos estudos sobre a palatalização no Rio Grande do Sul, foram consideradas as pesquisas de Bisol (1991), Paula (2006), Pires (2007) e Duarte (2017). As participantes da pesquisa foram divididas em dois grupos: (a) estudantes matriculadas no 1º semestre dos cursos de Letras Português/Espanhol da FURG e (b) estudantes matriculadas nos 5º/7º semestres dos cursos de Letras Português/Espanhol da FURG, a fim de investigar se havia diferenças na produção da L2 levando em consideração o estágio de aquisição da língua-alvo. Dessa forma, verificou-se como as aprendizes brasileiras de espanhol como L2 produziram as consoantes oclusivas dentais da língua-alvo a partir de um teste de produção, em que as acadêmicas deveriam realizar a leitura da frase-veículo "XXX es una palabra del español", sendo que XXX representava as palavras do estudo. Ao total, analisou-se a produção de 46 palavras por participante, sendo a 24 palavras com os segmentos em análise (11 com /t/ e 12 com /d/, diante de [i]), repetidas duas vezes. Estes dados foram submetidos à análise acústica, pelo software Praat (versão 6.3.03), a fim de observar as propriedades físicas dos segmentos em análise do português e do espanhol, e à análise estatística, através do programa SPSS (versão 21), para investigar a significância estatística dos dados produzidos. Através deste estudo, esperava-se que as acadêmicas do 1º semestre produziriam mais palatalização do que as dos 5º/7º semestres, uma vez que estas possuem mais contato com a L2 do que aquelas, e acreditava-se que as universitárias dos semestres mais avançados produziriam a consoante /t/ como oclusiva e /d/ como oclusiva ou aproximante, na língua espanhola, dependendo do contexto linguístico. Os resultados mostraram que as estudantes possuem um percentual alto de não-aplicação da palatalização, produzindo formas mais semelhantes à L2, sendo esta taxa mais alta no 2º grupo do que no 1º grupo, corroborando com a hipótese de que as estudantes do 1º semestre produzem mais formas palatalizadas do que as dos 5º/7º semestres.

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Palavras-chave: Língua espanholaFonética acústicaAprendizagem de língua estrangeiraAquisição da linguagemPalatalizaçãoSegunda línguaInfluência interlinguística