Autor: Milene Gayer Goulart (Currículo Lattes)
Resumo
Esta pesquisa objetiva analisar os conflitos identitários expressos nos romances Harmada (1991) e Lorde (2004), de João Gilberto Noll, sob a perspectiva das teorias do Imaginário, propostas pelos autores Gilbert Durand e Gaston Bachelard. Apoia-se também em contribuições teóricas sobre a construção da identidade na contemporaneidade, desenvolvidas por pesquisadores como Stuart Hall, Tomaz Tadeu da Silva e Zygmunt Bauman. A pesquisa está filiada à área de História da Literatura, pois também busca examinar a perspectiva da crítica e dos estudos acadêmicos sobre a obra de Noll, com o propósito de situar o local ocupado pelo escritor no panorama da literatura brasileira contemporânea. A literatura de João Gilberto Noll tem como temática recorrente as questões identitárias vinculadas às vivências de sujeitos nômades, instáveis, que tomam ciência da passagem do tempo e dos seus próprios desajustes ao estarem inseridos em um mundo líquido, em constante mutação. A condição desses personagens é representada, geralmente, por meio de narrativas em primeira pessoa que exprimem o esvaziamento identitário, a ausência de memórias e de vínculos afetivos, além de apresentarem elementos simbólicos relacionados às experiências desses indivíduos. Com uma prosa imprevisível, que privilegia um uso poético da linguagem e, por vezes, mescla-se com os sonhos e as fantasias dos protagonistas, as narrativas Harmada e Lorde se caracterizam como um campo privilegiado para as manifestações do imaginário. Nesse sentido, é proposta a discussão de elementos simbólicos presentes nas narrativas os quais corroboram dilemas inerentes à condição humana, tais como o temor relativo ao tempo e os conflitos identitários, intensificados pela condição social instável do sujeito, seu deslocamento perpétuo e suas relações frágeis.