Dissertação - É possível um professor ser programador de aplicativos? : uma análise da agência do professor no processo de construção de um aplicativo de realidade aumentada para o ensino e aprendizagem de línguas adicionais

Autor: Emanuele Krewer (Currículo Lattes)

Resumo

Ser professor é ser orientador, mediador, autor, interlocutor, facilitador, pesquisador, e por que não citar programador de aplicativos didáticos? Com vistas a este professor que é também desenvolvedor de ferramentas educacionais, busco, a partir desta dissertação de mestrado, investigar as minhas agências enquanto professora e programadora autodidata, considerando as ações, iniciativas, valores e habilidades que desenvolvi no processo de construção de um aplicativo de realidade aumentada para o ensino de línguas adicionais, mais especificamente de Espanhol como língua adicional. Considerando que essa atividade de programação é normalmente desempenhada por técnicos programacionais, e também que enfrentei diversos desafios e mobilizei uma série de agências nesse percurso de criação, é relevante retornar ao processo de desenvolvimento do aplicativo a fim de analisá-lo de forma crítica e reflexiva. Para tanto, faz-se importante compreender o conceito de agência profissional (Vianini, 2014, 2016; Ninim; Magalhães, 2017), bem como o conceito de auto-heteroecoformação, na busca de uma formação planetária (Freire; Leffa, 2013), sob o viés do paradigma do pensamento complexo (Morin, 2005). Além disso, considero os conceitos de Multiletramentos (Grupo de Nova Londres, 1996, 2021) e Novos Letramentos (Lankshear e Knobelg, 2007), com o intuito de refletir sobre as multissemioses, multiculturalidades, bem como as novas demandas sociais, digitais e cognitivas presentes no mundo globalizado. No que tange ao aplicativo que desenvolvi, busco explicar o que é a realidade aumentada e quais as implicações dessa tecnologia na área educacional à luz de Hounsell, Tori e Kirner (2018). Em se tratando do professor programador, o estudo do estado da arte aponta para uma falta de trabalhos envolvendo essa temática, visto que não foi encontrado no Catálogo de Teses e Dissertações da Capes qualquer estudo que busque evidenciar as agências docentes desenvolvidas na construção de aplicativos. Metodologicamente, realizo uma análise autoetnográfica acerca do desenvolvimento do aplicativo de realidade aumentada, retornando aos diários de criação dessa ferramenta, aos vídeos da tela de meu computador durante o seu processo de programação e outros tipos de registros, como notas, trocas de conversas com orientadores da pesquisa e imagens de todo o processo, a fim de analisar esse material criticamente e verificar as agências e desafios envolvidos. Para dar conta desta análise, me apoio no conceito reflexão-ação de Donald Schön (1983; 2000), o qual, no escopo deste estudo, permite compreender as iniciativas docentes a partir de três perspectivas: i. reflexão na ação; ii. reflexão sobre a ação; iii. reflexão sobre a reflexão na ação. Além do mais, busco refletir sobre o trabalho hacker e a sua relação com o desenvolvimento de minhas agências. Vinculado ao estudo autoetnográfico, realizo ainda um breve estudo de caso, no qual analiso o emprego da ferramenta de minha autoria em contexto de sala de aula, no intuito de verificar as percepções dos participantes, e, deste modo, avaliar e revisar as agências docentes que desenvolvi durante a construção do aplicativo. A partir disso, assumo que um professor pode ser programador de aplicativos, desde que seja capaz de desenvolver agências específicas para realizar tal atividade, entres essas agências destaco: a capacidade de reflexão-ação, a capacidade de superar desafios, o espírito investigativo, a postura hacker, entre outras agências. Por fim, considero que esta dissertação pode contribuir com as discussões sobre as tecnologias educacionais nos cursos de formação de professores, bem como com um trabalho docente que se proponha agentivo, permeado por ações e reflexões críticas, no qual o professor assume um papel de protagonista e se coloca como programador e autor de seus próprios recursos digitais pedagógicos.

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