Autor: Rogério de Lima Crizel (Currículo Lattes)
Resumo
Esta Tese de Doutorado tem como objetivo o estudo do tema da metamorfose na Literatura Brasileira e da relação estabelecida entre essas obras brasileiras e a novela A metamorfose (1915), de Franz Kafka, a grande referência sobre essa temática. Após uma longa pesquisa, observamos que muitos autores brasileiros trabalham o tema da metamorfose, fazem releituras da obra-prima kafkiana e transformam-na em outros textos com novos sentidos. Sendo assim, ao longo desta pesquisa, faremos uma leitura diacrônica e comparativa entre A metamorfose (1915) e oito obras brasileiras que trabalham o tema da metamorfose, procurando demonstrar, além das semelhanças e das diferenças existentes, em que medida essas obras brasileiras tornam-se novos textos, autênticos e originais, subvertendo plenamente o sentido primeiro do texto-fonte kafkiano. Desse modo, nosso corpus de análise é formado por sete contos e um romance: o conto "Metamorfose" (1926), de Humberto de Campos, o conto "Teleco, o coelhinho" (1965), de Murilo Rubião, o conto "O arquivo" (1972), de Victor Giudice, os contos "A metamorfose" (1982) e "Metamorfose" (2001), de Luis Fernando Verissimo, o conto "O inseto" (2005), de Lúcia Bettencourt, o conto infantojuvenil "A metamorfose do Lívio" (2009), de Liana Leão e o romance Macha (2019), de Claudia Tajes. Nessa perspectiva, as teorias de Tania Franco Carvalhal (1986), Sandra Nitrini (1994), Leyla Perrone-Moisés (1982), Julia Kristeva (1966), Tiphaine Samoyault (2001), Roland Barthes (1973), Gérard Genette (1982), Haroldo de Campos (1980) e, principalmente, a noção de antropofagia cultural proposta por Oswald de Andrade (1928) ajudarão a embasar nossas análises e reflexões. Nesse sentido, procuraremos demonstrar que através do processo antropofágico estabelecido entre os autores brasileiros (antropófagos) e a novela A metamorfose (texto assimilado) os textos brasileiros podem ser considerados metamorfoses d'A metamorfose.