Autor: Tainá Menna Ferreira (Currículo Lattes)
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo investigar a manifestação do ethos prévio e do ethos discursivo em uma entrevista realizada no telejornal Cidade Alerta, de forma a compreender como é construída a imagem de inocência por uma mãe em um contexto de filicídio (crime cometido contra a vida do filho ou filha). Para viabilizar essa análise, foi realizado um breve estudo do conceito de ethos, de Aristóteles até a visão contemporânea de Dominique Maingueneau. Também foi considerada na concepção de Ruth Amossy sobre o ethos prévio, em uma perspectiva da consideração do senso comum (doxa) que leva a um olhar para a concepção do papel de mãe. Com o intuito de compreender o senso comum, foi realizada uma revisão da literatura sobre a maternidade, explorando modos como surge a visão estereotipada da mulher mãe. Em seguida, é abordado o termo filicídio, incluindo a contribuição do autor que desenvolveu pela primeira vez as classificações para esse ato, Phillip Resnick. Também são discutidos o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e as disposições do Código Penal Brasileiro relativas ao crime de infanticídio. Esse contexto legal e social é explorado para entender os cuidados e tratamentos dispensados às crianças e adolescentes no Brasil. A pesquisa faz uma breve apresentação do programa jornalístico Cidade Alerta e dá ênfase ao caso específico analisado, que dá origem ao corpus de análise: o caso de Jéssica Cordeiro. A justificativa desta pesquisa reside no interesse de compreender como o locutor consegue construir discursivamente, em um dado contexto, uma imagem de sua pessoa, em nosso caso, de pessoa inocente diante de um ato cruel como é o filicídio. Ademais, busca-se compreender a influência das concepções da sociedade na construção dessa imagem, uma vez que nela se compartilham concepções semelhantes em relação à figura da mãe, o que contribui para a receptividade e aceitação positiva e favorável obtida pela entrevistada, e leva ao entendimento de ser ela inocente.