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Bruxa, A
A Bruxa surgiu em fevereiro de 1896 como sucessora do hebdomadário ilustrado A Cigarra (1895), ambos do Rio de Janeiro. Com esse novo empreendimento comum, Olavo Bilac (1865-1918) e Julião Machado (1863-1930), respectivamente diretores literário e artístico de ambas as publicações, tiveram um pouco mais de sucesso, pois conseguiram manter viva a revista até junho de 1897. Do número de 7 de fevereiro de 1896 ao de 30 de junho de 1897, foram 64 números publicados sempre às sextas-feiras, dia aziago. Previa-se a encadernação em volume a cada ano, em um total de 52 edições. A Bruxa deixou, portanto, de circular no início do segundo volume.
Com duas colunas, cada página era delimitada por cercadura de fios simples com exceção do alto da página, onde se colocava um fio de intestação (dois traços paralelos, sendo o interno mais fino). A Bruxa contava sempre com capa ilustrada, no alto da qual figurava cabeçalho desenhado por Julião Machado com motivos góticos (sapo, coruja, feiticeira etc.) e com os nomes de batismo dos diretores, ao lado da indicação do anno domini em algarismos romanos. A partir do sexto número, os exemplares passaram a vir envoltos em página de anúncios ilustrada. Embora tenha contado eventualmente com a colaboração de artistas como Henrique Bernardelli, Ângelo Agostini e Belmiro de Almeida, Julião Machado era o principal responsável pelas vinhetas e clichês de motivos góticos e ilustrações originais publicadas regularmente a cada número. Essas ilustrações eram eventualmente enriquecidas por uma única cor auxiliar, que poderia ser azul, verde, ocre etc., o que representava uma técnica tipográfica inovadora em contexto nacional. As páginas centrais (4 e 5) abrigavam geralmente uma ilustração de grandes dimensões e bem elaborada, assumindo eventualmente o aspecto de histórias em quadrinhos.
Além das belíssimas ilustrações, A Bruxa contava com diversificada colaboração literária. Olavo Bilac era responsável por colunas fixas como a “Crônica”, “O carrilhão da Bruxa” (notas breves), “Teatro” e “Política”. Contou o poeta parnasiano com a colaboração regular de Coelho Neto e Guimarães Passos, amigos íntimos. Na revista também participaram tanto parnasianos como Osório Duque-Estrada, Emílio de Meneses, Alberto de Oliveira e Luís Delfino, quanto simbolistas como Júlio César da Silva, Alphonsus de Guimaraens e Alves de Faria. Entre os prosadores, verificaram-se, entre outros, os nomes de Machado de Assis, Valdomiro Silveira e Antônio Sales.
Alvaro Santos Simões Junior
Para saber mais:
______. A sátira do Parnaso. São Paulo: FAPESP; Ed. da UNESP, 2007.
Sobre o periódico:
Coleção quase completa (falta-lhe o n. 63) pode ser consultada em papel na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Reprodução em microfilme dessa mesma coleção está disponível para consulta no Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa (CEDAP), pertencente à Faculdade de Ciências e Letras de Assis (UNESP). As hemerotecas de Erich Werner Gemeinder, hoje incorporada à Academia Brasileira de Letras, e José Mindlin, sob a guarda da Universidade de São Paulo, também contam com coleções do periódico.
Publicação do verbete: maio 2024.