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Violeta

Capa de um dos números da Violeta

Periódico literário e feminino publicado na cidade do Rio Grande (Rio Grande do Sul/Brasil), dirigido e editado pela poetisa e jornalista Julieta de Melo Monteiro, entre março de 1878 e julho de 1879. Constituiu uma experiência breve no cronológico, mas com uma especial relevância, uma vez que, além de orientar-se por uma natureza estritamente literária, trazia consigo também um pioneirismo, já que foi uma das primeiras representantes da imprensa feminina no contexto gaúcho, uma vez que a folha tinha um norte editorial voltado essencialmente para o público feminino e seus textos redacionais e colaborações eram elaborados por mulheres.

Como era comum à época, a elaboração da Violeta era uma atividade praticamente unipessoal, ficando as diversas etapas da redação, revisão, confecção e distribuição do jornal nas mãos da própria Julieta Monteiro. Tal periódico trazia editoriais e expedientes da lavra da redatora e proprietária, e sessões destinadas à prosa, à poesia, às correspondências e ao entretenimento, contando com a participação das colaboradoras. Os principais segmentos do semanário eram “Rosas literárias”, para os textos em prosa, e “Íris poético”, destinado aos poemas. Havia ainda as “Miríades”, trazendo a publicação de correspondências. O título desta última seção aludia a um grande número, dando a entender que a quantidade de cartas era considerável. Tanto a partir do envio de colaborações em prosa ou verso, quanto por meio das tantas missivas, reforçava-se o papel do periódico no estabelecimento de uma rede de escritoras e leitoras com pendores e gosto pelas letras. A linha editorial do periódico era complementada por tópicos voltados ao entretenimento, com jogos de paciência, charadas, logogrifos, os quais angariavam significativa popularidade.

A assinatura da publicação custava 500 réis mensais ou 1$500 réis trimestrais, pagos adiantados, para o âmbito da cidade do Rio Grande, e, para fora da urbe, o preço era de 2$000 réis adiantados, por trimestre. Apesar das pequenas dimensões, a Violeta atingiu significativo êxito, uma vez que, por meio da troca de exemplares, granjeou um extraordinário intercâmbio que abrangeu várias localidades gaúchas e cidades nas mais variadas regiões do império, sendo distribuída em quase todas as províncias. Essa permuta não se limitou ao território brasileiro, chegando ao exterior, como foi o caso das cidades de Lisboa e Nova York, contribuindo para a difusão da produção literária feminina gaúcha nos mais variados âmbitos.

Apesar dos nobres propósitos de difusão da leitura e divulgação da cultura, o terreno à publicação literária não foi tão fértil, carecendo de um número de favorecedores que fosse o suficiente para manter suas condições básicas de sobrevivência. Ainda assim, o semanário levou em frente suas propostas, abrindo espaço para a publicação de textos redigidos no contexto local e regional, divulgando uma profícua produção, em uma atividade acrescida pelo mérito de ser uma das poucas publicações que se destinou a editar escritos de autoria feminina que se espalharam pelo Brasil e pelo mundo a partir da Violeta que, enquanto circulou, cumpriu à risca a sua missão.

 Francisco das Neves Alves

 

Para saber mais:

ALVES, Francisco das Neves. Violeta: breve história de um jornal literário no contexto sul-rio-grandense do século XIX. Miscelânea – Revista de Literatura e Vida Social. Assis, v. 14, p. 125-141, jul./dez. 2013.
______. Escrita feminina no Sul do Brasil: Julieta de Melo Monteiro – autora, poetisa, editora e militante. Lisboa: Cátedra Infante Dom Henrique; Rio Grande: Biblioteca Rio-Grandense, 2018. Disponível em: https://issuu.com/bibliotecariograndense/docs/cole__o_rio-grandense_vol_15.
DUARTE, Constância Lima. Imprensa feminina e feminista no Brasil – século XIX: dicionário ilustrado. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.

Tag(s): periódico
Subject: V