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Julieta de Melo Monteiro

Poetisa e jornalista brasileira, Julieta Nativa de Melo nasceu a 21 de outubro de 1855, na cidade do Rio Grande (Rio Grande do Sul/Brasil). Pertencia a uma família fortemente vinculada às letras, envolvendo o avô Manoel dos Passos Figueroa, escritor e jornalista; a mãe, Revocata dos Passos Figueroa Melo, professora e poetisa; o tio Manoel dos Passos Figueroa, engenheiro e escritor; outro tio, Deodato dos Passos Figueroa, professor e escritor; e a tia Amália Figueroa, poetisa. Além disso, havia o irmão, Otaviano Augusto de Melo, poeta que manteve um jornal literário e Revocata Heloísa de Melo, escritora e periodista, ao lado da qual empreendeu incansavelmente a batalha através da palavra escrita. Para completar, ela se casou com o jornalista e poeta Francisco Pinto Monteiro, incorporando o sobrenome do marido, vindo a assumir o nome pelo qual ficaria mais conhecida – Julieta de Melo Monteiro.

Desde cedo, Julieta Monteiro passou a atuar como colaboradora junto à imprensa periódica, escrevendo para os mais variados gêneros jornalísticos, mormente junto das publicações literárias, mas também em jornais informativos, comemorativos, ilustrados e até caricatos. Ao final dos anos setenta, entre 1878 e 1879, ela se lançou no caminho que não mais abandonaria, fundando a Violeta, um semanário literário cuja redação e colaboradoras eram essencialmente do sexo feminino, bem como tinha por público-alvo basicamente as mulheres. Apesar das pequenas dimensões, o periódico obteve certa projeção, notadamente no que tange ao intercâmbio promovido, o qual atingiu a maior parte das regiões brasileiras e chegou mesmo ao exterior. Em seguida, no ano de 1883, Julieta esteve ao lado da irmã Revocata na execução de uma das mais importantes publicações literárias e femininas, tanto no contexto regional, quanto no nacional, através da edição do Corimbo, folha que marcou época em termos de escrita feminina, na difusão da leitura entre as mulheres e na busca por transformações no papel social feminino, vindo a circular até 1944. Auxiliando a irmã no gerenciamento do jornal ou atuando diretamente na redação, Julieta Monteiro permaneceu no Corimbo até a sua morte, em 27 de janeiro de 1928.

Ainda que as forças da escritora estivessem centradas na execução desta folha, ela não deixou de colaborar recorrentemente com outros jornais na conjuntura regional, nacional e até internacional. Além de atuar incessantemente junto à imprensa, Julieta de Melo Monteiro publicou vários livros, como Prelúdios (1881), Oscilantes (1891), Coração de mãe (1893), Alma e coração (1897), Berilos (1911) e Terra sáfara (1928 – edição póstuma). Como típica representante da intelectualidade de sua época, Julieta Monteiro teve uma ação amplamente diversificada, pois, além de poetisa e jornalista, foi contista, cronista e dramaturga. Também no campo profissional, durante boa parte de sua vida, permaneceu ao lado da irmã Revocata na função de professora. Em termos políticos, foi aliada das forças partidárias liberais que enfrentaram o autoritário modelo castilhista-borgista, predominante no Rio Grande do Sul, ao longo da República Velha. Julieta de Melo Monteiro teve uma longa carreira, com aproximadamente meio século de ampla dedicação à escritura, contribuindo decisivamente para a difusão da escrita e da leitura feminina. Ela conquistou reconhecimento e lançou mão desse para difundir suas ideias, notadamente vinculadas a um novo papel social para a mulher. Ainda que tivesse uma visão moderada, a autora defendeu mudanças, principalmente a partir da educação das mulheres, caminho único, segundo ela, para a emancipação feminina.

 

Francisco das Neves Alves

 

Para saber mais:

ALVES, Francisco das Neves. Escrita feminina no Sul do Brasil: Julieta de Melo Monteiro – autora, poetisa, editora e militante. Lisboa: Cátedra Infante Dom Henrique; Rio Grande: Biblioteca Rio-Grandense, 2018. Disponível em: https://issuu.com/bibliotecariograndense/docs/cole__o_rio-grandense_vol_15.
ALVES, Francisco das Neves; LOUSADA, Isabel Maria da Cruz; GEPIAK, Luciana Coutinho. Escrita feminina dos dois lados do Atlântico: Julieta de Melo Monteiro, Sílvia da Vinha e Revocata Heloísa de Melo. Lisboa: Cátedra Infante Dom Henrique; Rio Grande: Biblioteca Rio-Grandense, 2020. Disponível em: https://issuu.com/bibliotecariograndense/docs/cole__o_rio-grandense_38.
BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Dicionário bibliográfico brasileiro. v. 5. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1899.
FLORES, Hilda Agnes Hübner. Dicionário de mulheres. Porto Alegre: Nova Dimensão, 1999.
MARTINS, Ari. Escritores do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 1978.
NEVES, Décio Vignoli das. Vultos do Rio Grande. v. 2. Rio Grande: [s.n.], 1987.
OLIVEIRA, Américo Lopes de; VIANA, Mário Gonçalves. Dicionário mundial de mulheres notáveis. Porto: Lello & Irmão, 1967.
SCHMIDT, Rita Terezinha. Julieta de Melo Monteiro. In: MUZART, Zahidé Lupinacci (Org.). Escritoras brasileiras do século XIX. Florianópolis: Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2000. p. 306-319.
SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Érico Vital. Dicionário de mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
VILLAS-BÔAS, Pedro Leite. Notas de bibliografia sul-rio-grandense: autores. Porto Alegre: A Nação; Instituto Estadual do Livro, 1974.
______. Dicionário bibliográfico gaúcho. Porto Alegre: EST; Edigal, 1991.

 

O jogo em cassino e o vício em jogos de azar são frequentemente mencionados na ficção. Um dos primeiros exemplos seria a obra de Shakespeare.