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Mário de Artagão

Mário de Artagão

Escritor e jornalista brasileiro. Nasceu na cidade do Rio Grande (Rio Grande do Sul/Brasil), em 19 de dezembro de 1866, batizado com o nome de Antônio da Costa Corrêa Leite Filho. Pertencia a uma família abastada, ligada ao comércio citadino, o que lhe permitiu viajar pela Europa, realizando seus estudos na Alemanha e em Portugal. Já nos anos 1880, voltou para o Brasil, assumindo funções na empresa familiar, atuando no Recife e no Rio de Janeiro. Naquela cidade, iniciaria sua carreira literária, com o lançamento de seu primeiro livro, As infernais, em 1889, com uma segunda edição no ano seguinte. Nessa época assumia definitivamente seu nome artístico – Mário de Artagão – pelo qual ficaria mais conhecido. Já no Rio, dava os seus primeiros passos no mundo do jornalismo, trabalhando na Tribuna Liberal. Retornaria para sua cidade natal e, diante da insistência paterna para que administrasse a firma familiar, o escritor optou pelo caminho das letras.

Artagão foi o típico representante da intelectualidade de seu tempo, agindo em múltiplas áreas, ao atuar como jornalista, poeta, professor, filósofo, conferencista, teatrólogo, administrador escolar, dramaturgo e polemista. Era um poliglota, pois falava e escrevia em português, inglês, francês, espanhol, alemão e italiano Seu reconhecimento como intelectual ultrapassou fronteiras, tendo pertencido a academias literárias em Paris e em Hamburgo, além de ser membro da Academia de Letras do Rio Grande do Sul, do Instituto de Coimbra, do Grêmio Literário da Bahia, do Centro de Ciências Letras e Artes de Campinas e do Instituto Histórico e Geográfico de Pernambuco. Em sua volta para o Rio Grande do Sul, Mário de Artagão conviveu com a transição da monarquia à república, assumindo uma posição político-ideológica que não abandonaria até o final de seus dias. Assim, defendeu um ideário monárquico, colocando-se abertamente contra o regime republicano. Em terras gaúchas, escreveu nos periódicos Correio Mercantil e Nacional, ambos de Pelotas, e atuou nos rio-grandinos Rio Grande do Sul e Eco do Sul.

Através da imprensa, expressou sua posição não só de oposição, mas também de combate e resistência ao republicanismo, notadamente contra o autoritarismo, fosse na esfera federal, fosse na estadual, em relação ao castilhismo. Para dar vazão às suas ideias, fundou A Atualidade, em 1892, jornal em que chegou ao apogeu de sua militância monarquista. As posições políticas do autor custaram-lhe muito caro, tendo de enfrentar constantemente o ódio dos adversários, as ameaças e a vigilância das autoridades públicas. Por tal motivo chegou a ter de buscar por alguns meses asilo no consulado britânico, quando a crise política se acirrou no Rio Grande do Sul, levando à deflagração da Revolução Federalista. Nesse meio tempo, em 1894, lançou seu segundo livro, intitulado Saltério, desdobrado depois, em 1896, em O saltério na quermesse. Além disso, contribuiu com o Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul e com o Almanaque Popular Brasileiro. As ferrenhas perseguições sofridas em muito marcaram a vida do escritor. Em 1897, ele mudou-se para cidade rio-grandense de Pelotas, onde fundou o Colégio Mário de Artagão e colaborou intensamente com o jornal A Opinião Pública. Nesta mesma cidade, ele editou, em 1901, mais um de seus livros, Música sacra. Após isolar-se, vindo a residir no litoral norte gaúcho, Artagão voltou à sua cidade natal, colaborando proficuamente com o Eco do Sul.

Mas ele continuava a ser alvo da coerção governamental, e mesmo que não fosse mais um jornalista eminentemente militante, não deixou de ser perseguido. Cansado de tanto cerceamento, Mário de Artagão optou por um autoexílio em Lisboa, partindo em 1905 com toda a sua família, para nunca mais voltar ao Brasil. Em Portugal, Mário de Artagão também foi reconhecido como intelectual, publicando várias de suas poesias em folhas literárias. Ele abandonou o jornalismo opinativo e, sem deixar de ser monarquista, buscou não mais se expressar abertamente sobre a vida política brasileira. No lar adotivo, dedicou-se à sua obra literária, publicando Janina (1907), uma segunda edição de O saltério (1912) e uma terceira de As infernais (1914) – nestes dois últimos, os textos originais foram em muito revistos e refeitos –, No rastro das águias (1925), Rimas pagãs (1933), Helláda, ninho dos deuses... (1934) e Feras à solta (1936). O escritor falcceu a 15 de agosto de 1937, vindo a conquistar reconhecimento internacional como literato e jornalista.

Francisco das Neves Alves

 

Para saber mais:

ALVES, Francisco das Neves. A produção literária de um poeta sul-rio-grandense: uma breve incursão ao pensamento e à obra de Mario de Artagão. Cadernos Literários, Rio Grande, v. 19, p. 49-58, 2011.
______. O debate político “monarquia X república” o discurso de um intelectual sul-rio-grandense. In: Anais do XI Encontro Estadual de História. Rio Grande: FURG, 2012. p. 360-369.
______. Um poeta brasileiro no exílio: duas obras de Mario de Artagão escritas e editadas em Lisboa. Navegações: Revista de Cultura e Literaturas de Língua Portuguesa. Porto Alegre, v. 7, n. 1, p. 40-48, 2014.
______. História e Literatura: interfaces na obra de um escritor sul-rio-grandense (Mario de Artagão, 1892-1894). Historiae. Rio Grande, v. 6, n. 1, p. 91-121, 2015.
______. A convicção através da pena: a obra jornalística e literária do escritor Mario de Artagão no âmbito brasileiro-lusitano. Lisboa: CLEPUL, 2016.
______. Um escritor brasileiro em Portugal: Mário de Artagão e as obras Rimas pagãs e Feras à solta. Lisboa: CLEPUL; Rio Grande: Biblioteca Rio-Grandense, 2016.
BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Dicionário bibliográfico brasileiro. v. 6. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1900.
FREITAS, José Joaquim de Senna. Ao veio do tempo (ideias, homens e fatos). Lisboa: António Maria Pereira Livraria–Editora, 1908.
MARTINS, Ari. Escritores do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 1978.
NEVES, Décio Vignoli das. Vultos do Rio Grande. v. 2. Rio Grande: [s.n.], 1987.
SARMENTO, José. O grande exilado. Ilustração Portuguesa – edição semanal do jornal O Século, Lisboa, v. 3, n. 61, p. 489-495, 22 abr. 1907,
SILVA, Inocêncio Francisco da; ARANHA, Pedro Wenceslau de Brito. Dicionário bibliográfico português: estudos aplicáveis a Portugal e ao Brasil. t. 20. Lisboa: Imprensa Nacional, 1911.
VILLAS-BÔAS, Pedro Leite. Notas de bibliografia sul-rio-grandense: autores. Porto Alegre: A Nação; Instituto Estadual do Livro, 1974.
______. Dicionário bibliográfico gaúcho. Porto Alegre: EST; Edigal, 1991.

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