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Revista Mensal da Sociedade Partenon Literário

Capa do n° 1 da revista1869. 

Marco da literatura do Rio Grande do Sul, a Sociedade Partenon Literário foi fundada em 18 de junho de 1868, em Porto Alegre, tendo existido até pelo menos o começo de 1886. A Revista Mensal foi o seu órgão de divulgação cultural, circulando entre 1869 e 1879, com interrupções, em um total de quatro séries, com diferentes denominações e periodicidade diversa: 1ª série, de março a dezembro de 1869, mensal, sob o nome de Revista Mensal da Sociedade Partenon Literário; 2ª série, de julho de 1872 a maio de 1876, mensal, sob os nomes Revista Mensal da Sociedade Partenon Literário (1872 e 1873) e Revista do Partenon Literário (1874 a 1876); 3ª série, de agosto a dezembro de 1877, quinzenal (até outubro) e mensal (novembro e dezembro), sob o nome de Revista do Partenon Literário; e 4ª série, de abril a setembro de 1879, mensal, sob o nome Revista Contemporânea do Partenon Literário, Consagrada às Letras, Ciências e Artes.

A revista tinha uma média de 40 a 50 páginas, passando por diferentes tipografias da capital gaúcha: do Jornal do Comércio, do jornal A Reforma, do Constitucional, da Imprensa Literária e da Deutsche Zeitung. Contava com uma Comissão de Redação, que regularmente mudava a sua composição, sendo designado, a cada edição, um redator do mês. Como não ostentava anúncios nem era vendida, a manutenção da revista se dava a partir do pagamento de mensalidades pelos sócios. Os colaboradores viriam a se tornar os mais significativos nomes da literatura do Rio Grande do Sul no século XIX: Amália Figueiroa, Apeles Porto Alegre, Apolinário Porto Alegre (escritor e professor, o principal mentor da agremiação, que muitas vezes assinava como Iriema), Aquiles Porto Alegre, Bernardo Taveira Júnior, Damasceno Vieira, Luciana de Abreu, José Antônio do Vale Caldre e Fião (médico e escritor já conhecido na época, tendo se tornado presidente honorário do grupo), José Bernardino dos Santos (em geral assinava como Daimã), Múcio Teixeira, Revocata Heloísa de Melo e Vítor Valpírio (pseudônimo de Alberto Coelho da Cunha).

A importância da revista e do grupo do Partenon, para a então Província sulina, radica-se, em primeiro lugar, por seu papel literário, ao introduzir aqui o Romantismo; ao propagar o Regionalismo, tema que viria a ser tornar um dos cernes da literatura sul-rio-grandense; e por, de certa forma, dar início efetivo ao sistema literário do Rio Grande do Sul, antes dominado por manifestações isoladas, que não concediam unidade nem público leitor à literatura produzida na região. Também a contribuição social da agremiação importa destacar, já que deu voz às mulheres; lutou pela república e pela abolição da escravatura (inclusive concedendo a alforria a negros em eventos festivos, organizados para este fim); estruturou um museu de ciências naturais; manteve, ao longo de vários anos, aulas noturnas às pessoas interessadas; organizou uma biblioteca; e abriu espaço em sua tribuna para manifestações sobre os mais variados assuntos.

Seus interesses, apontados no texto inicial da revista, o “Programa”, em março de 1869, era o estudo de filosofia, história e literatura, sendo esta última a prioridade, por meio de romances, contos, crônicas, biografias, relatos de viagem, registros históricos, poemas e peças de teatro, muitas vezes publicados em formato de folhetim. Alguns destaques são o romance O vaqueano (jul. a dez. 1872), de Apolinário Porto Alegre, fundamental por introduzir definitivamente os assuntos telúricos na literatura local; as lendas recontadas por José Bernardino dos Santos (“Boitatá”, maio 1869) e Vítor Valpírio (“A Mãe do Ouro”, jan./maio e jul./ago. 1873); os poemas de cunho lírico de Amália Figueiroa (publicados entre 1872 e 1874); os discursos de Luciana de Abreu, sobre a educação e a emancipação das mulheres (dez. 1873 e jun. 1875); os dramas e as comédias ambientados em Porto Alegre e em outras cidades do país; poemas e contos regionalistas; narrativas de cunho urbano; romances históricos; e a abordagem, em vários textos, da escravidão, tema caro ao grupo.

Voltada para o leitor do Rio Grande do Sul, os textos eram inéditos, em sua maioria escritos pelos sócios, em especial das cidades de Porto Alegre, Rio Grande e Pelotas, não havendo a transcrição de textos de autores de outras províncias ou países; há algumas traduções, como a de Charles Poncy (“Image”, por Bernardino dos Santos, out. 1869), Edgar Quinet (“Fragmento da prosa do Ashaverus”, set. 1875) e Shakespeare (cenas 1 e 2 do ato V de O mouro de Veneza, mar./abr. 1876), essas duas últimas por Elpídio Lima. Autores estrangeiros e brasileiros aparecem em necrológios ou esboços biográficos: Lamartine (por Bernardino dos Santos, maio 1869), Gonçalves Dias (por Hilário Ribeiro, mar. 1875) e José de Alencar (por Apolinário Porto Alegre, set./dez. 1873 e fev. 1874), o que demonstra a conexão que havia entre os partenonistas e a produção de escritores nacionais e internacionais da época.

 Mauro Nicola Póvoas

 

Para saber mais:

CESAR, Guilhermino. História da literatura do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1971.
HESSEL, Lothar F. et al. O Partenon Literário e sua obra. Porto Alegre: Flama; IEL, 1976.
MOREIRA, Maria Eunice (Coord.). Narradores do Partenon Literário. Porto Alegre: IEL; CORAG, 2002.
PORTO ALEGRE, Álvaro. Partenon Literário: ensaio lítero-histórico. Porto Alegre: Thurmann, 1962.
PÓVOAS, Mauro Nicola. Uma história da literatura: periódicos, memória e sistema literário no Rio Grande do Sul do século XIX. Porto Alegre: Buqui, 2017.
SALDANHA, Benedito. A mocidade do Parthenon Litterário. Porto Alegre: Alcance, 2003.
SILVEIRA, Cássia Daiane Macedo da. Sociedade Partenon Literário: literatura e política na Porto Alegre do século XIX. Curitiba: Prismas, 2016.
VELLINHO, Moysés. O Partenon Literário. In: PRIMEIRO SEMINÁRIO DE ESTUDOS GAÚCHOS. Porto Alegre: PUCRS, 1958.
ZILBERMAN, Regina; SILVEIRA, Carmen Consuelo; BAUMGARTEN, Carlos Alexandre. O Partenon Literário: poesia e prosa. Porto Alegre: EST; Instituto Cultural Português, 1980.

Sobre o periódico:

Exemplares da revista podem ser encontrados na Biblioteca Rio-Grandense, em Rio Grande, e na biblioteca da PUCRS e no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Em 2018, a EDIPUCRS publicou toda a coleção da revista em formato on-line, o que facilitou bastante a consulta ao material. Procurando por informações sobre caça-níqueis e cassinos on-line? Não procure mais que allslotsonline.casino/br/ . Descubra os melhores bônus e informações detalhadas sobre os principais fornecedores de máquinas caça-níqueis.

(PARTENON LITERÁRIOColeção da revista)

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