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Revista Nova

Capa do primeiro número da revista (15 mar. 1931). Fonte: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM/USP).

Revista Nova, publicação cultural de São Paulo, foi dirigida por Mário de Andrade, Paulo Prado e Antônio de Alcântara Machado. Lançada em 15 de março de 1931, foi trimensal em seu primeiro ano (com edições nos meses de junho, setembro e dezembro) e bimensal ao longo de 1932 (publicada em fevereiro, abril e junho), seu último ano de circulação. Devido à deflagração do movimento Constitucionalista de 1932, no qual seus editores se envolveram, os números 8, 9 e 10, foram publicados em um único volume, em dezembro do mesmo ano.

Sob a gerência de Nelson Palma Travassos, a redação e a administração da revista situavam-se à Rua Xavier de Toledo, no centro da capital paulista, e cada exemplar custava 5$000. A Livraria José Olympio, em São Paulo; Plínio Doyle, no Rio de Janeiro; e João Mendonça, no Recife, estavam autorizados a angariar as assinaturas. A revista não publicou material imagético e tampouco estampou anúncios comerciais, limitando-se a divulgar obras no prelo e publicações modernistas recém-lançadas nas livrarias.

Com a capa quase toda tomada pelo sumário, a Revista Nova era considerada um periódico de grandes dimensões (22,5cm x 15,5cm), com média de 150 páginas por volume e guardava significativa semelhança com a primeira fase da Revista do Brasil (São Paulo, 1916-1925), tanto pelos elementos gráficos e diagramação do texto, quanto no que respeita à proposta editorial.

A publicação reuniu um seleto rol de colaboradores, a exemplo de Luís da Câmara Cascudo, Sérgio Buarque de Holanda, Alfredo Éllis Jr., Tristão de Ataíde, Manuel Bandeira, Prudente de Moraes Neto, Murilo Mendes, Guilherme de Almeida, Astrojildo Pereira, Alberto Rangel, Augusto Meyer, Sérgio Milliet, Amadeu Amaral Júnior, dentre outros.

Em termos de organização interna do material, a revista dividia-se entre ensaios, artigos, publicação literária e as seções. Os editoriais da Revista Nova, primeiro conteúdo estampado, eram denominados “Momento” assim como na Revista do Brasil, quando Paulo Prado esteve à frente do periódico (1923-1925), fase em que os editoriais se intitulavam “O Momento”. Na Nova, esses textos, ausentes apenas nos números 6 e 8, referiam-se a temas candentes, sobretudo aqueles que impactavam culturalmente o Brasil. Após os editoriais, apresentava-se os documentos históricos, que possuíam natureza diversa como cartas, excertos de diários, material manuscrito inédito ou proveniente de arquivo, e, quando lidos em conjunto, apresentam as ambíguas relações entre passado e presente, tradição e modernidade, questões que estavam imbricadas na proposta da revista. A Revista Nova contou com um bom número de artigos, ensaios – que ocupavam cerca de dois terços de cada número – e produção literária (prosa e poesia), sempre alocadas após os editoriais ou documentos históricos. Não havia, entretanto, divisão rígida entre esses dois conteúdos, de modo que a leitura de um ensaio denso era, por vezes, seguida de uma poesia.

Um segundo eixo era formado pelas seções, que não sofreram alterações em termos da ordem na qual figuravam, ainda que nem sempre estiveram presentes em todos os números: “Crônica”, que tratava de assuntos variados, sob a responsabilidade de Prudente de Moraes Neto; “Etnografia”, iniciada no segundo número e dedicada a temas relativos ao folclore; “Notas”, que compreendia informes gerais da redação, cartas, revistas e livros recebidos, dados dos colaboradores da edição e erratas, ao que se somavam resenhas de obras recém lançadas; “Brasiliana”, que reproduzia excertos de documentos oficiais e notícias de conteúdos inusitados; e “Resenha”, composta de transcrições de matérias diversificadas provenientes de outros veículos de imprensa e que só não esteve presente no último número. As seções da Revista Nova elucidam o programa do periódico, que firmara o compromisso de debater e se posicionar frente à situação política e social do país, aspectos que também se ancoravam na experiência da Revista do Brasil.

O fim da Revista Nova foi marcado por problemas financeiros do empreendimento, cabendo assinalar que o investimento inicial foi feito pelos três diretores, que garantiram os recursos para os dois anos de publicação. Pode-se supor que os rendimentos auferidos não tenham sido suficientes para manter a publicação em circulação. De outra parte, a saída de Mário de Andrade, que já não participou da confecção do último volume, também deve ter pesado na decisão de encerrar a publicação, tendo em vista o importante papel por ele desempenhado na fatura do periódico.

Natália Zampella

Para saber mais:

KREINZ, Gloria Aparecida Rodrigues. Revista Nova: contribuição para o estudo do Modernismo. 1979. Dissertação (Mestrado em Letras). Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1979.
LAFETÁ, João Luiz. 1930: a crítica e o Modernismo. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2000.
LUCA, Tania Regina de. Um repertório do Brasil: tradição e inovação na Revista Nova (1931-1932). ArtCultura, Uberlândia, v. 8, n. 13, p. 97-107, jul.-dez. 2006. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/artcultura/article/view/1424/1285. Acesso em: 10 nov. 2024.
ZAMPELLA, Natália. A Revista Nova (SP, 1931-1932) em duas leituras: domínios metodológicos e historiográficos. In: XXV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH-SP, 2024, Campinas. Anais... Campinas: UNICAMP, 2024. Disponível em: https://www.encontro2024.sp.anpuh.org/resources/anais/12/anpuh-speeh2024/1724095076_ARQUIVO_4db351f171ac81f0100593c491d487ab.pdf. Acesso em: 10 nov. 2024.

 

Sobre o periódico:

Há coleções completas da revista disponíveis on-line na Hemeroteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional e na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, sob a guarda da Universidade de São Paulo.
 

Publicação do verbete: nov. 2024.