• APRESENTAÇÃO •           • PRODUÇÕES •           • COMO PARTICIPAR •           • COMO CITAR •          • EQUIPE •           • LINKS •           • CONTATO 

      A     B     C     D     E     F     G     H     I     J     K     L     M     N     O     P     Q     R     S     T     U     V     W     X     Y     Z      


 

Aquiles Porto Alegre

Fonte da foto: BNDigital do Brasil.

Escritor, biógrafo, historiador, contista, cronista, poeta, professor e funcionário público, Aquiles José Gomes Porto Alegre nasceu na cidade de Rio Grande em 29 de março de 1848 e mudou-se com sua família para Porto Alegre em 1859, onde faleceu em 21 de março de 1926. Junto a seus irmãos Apolinário e Apeles Porto Alegre, ajudou a criar a Sociedade Partenon Literário, em 1868. Também participou da fundação da Academia Rio-Grandense de Letras em 1901, ocupando a cadeira de número 10; da criação da Academia de Letras do Rio Grande do Sul, em 1910; e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, em 1920.

Informações sobre seus estudos não constam em documentos, mas suas crônicas e reminiscências auxiliam no preenchimento desta lacuna. Aquiles estudou no Colégio Gomes – fundado por Fernando Ferreira Gomes, seu primo –, no Colégio Rio-Grandense e na Escola Militar, todos em Porto Alegre. Não há menção quanto aos estudos primários de Aquiles na cidade de Rio Grande, embora eles tenham existido. Apesar da falta de documentos que certifiquem sua trajetória escolar, sabe-se que o escritor não realizou estudos em nenhum curso superior.

Coproprietário e editor do Jornal do Comércio entre os anos de 1884 e 1903, contribuiu com assídua frequência na Revista Mensal do Partenon Literário entre 1869 e 1879. Aquiles também colaborou com o jornal Correio do Povo por mais de vinte anos e foi diretor dos periódicos O Mosquito e A Escola, ambos em 1889, assim como d’A Notícia, em 1896. Aquiles foi funcionário público lotado na Tesouraria da Fazenda de Porto Alegre, em 1880, e aposentou-se como inspetor escolar, cargo que exerceu a partir de 1900. Também desempenhou o magistério, tanto em caráter particular quanto em escolas públicas – o governo estadual nomeou-o para uma cátedra da Escola Complementar, atual Instituto de Educação Flores da Cunha –, e fundou o Colégio Porto Alegre com seu irmão Apolinário.

Escritor romântico, Aquiles tem na crônica o seu principal gênero. Sua produção literária é compreendida como uma revolta contra a modernidade da capital gaúcha, que, ao crescer e expandir-se a partir do século XVIII, tornou-se mais complexa. As crônicas de Aquiles criam uma função referencial da realidade focada no ambiente, na paisagem e nas transformações físicas da urbs que o escritor não só descreve e se apropria, mas que também reformula como síntese da própria cidade.

Suas obras são: “Carlota” (1969), novela; “O tropeiro” (1872) e “Giovanni” (1873), contos; “Hilda” (1874), “O leque de marfim” (1874) e “A velha Quitéria” (1875, inacabada), romances; “A escrava fugitiva” (1869), “Iluminuras” (1884), “Esculturas – Versos” (1889), “Flores de gelo” (1897) e “Val de lírios” (1910), poemas; Fantasias (1894), Contos e perfis (1910), Folhas caídas (1912), Através do passado (1920), Flores entre ruínas (1920), Jardim de saudades (1921), Paisagens mortas – Reminiscências (1922), Noutros tempos (1922), Serões de inverno (1923), Noite de luar (1923), À sombra das árvores (1923), À beira do caminho (1923), Palavras ao vento (1925) e Prosa esparsa (1925), crônicas e contos; Homens ilustres do Rio Grande do Sul (1916 e 1917), Vultos e fatos do Rio Grande do Sul (1919) e Homens do passado (1922), biografias de personalidades relevantes do Rio Grande do Sul. Com os pseudônimos de “Manfredo” e “Carnioli”, o escritor colaborou em ao menos 50 ocasiões com a revista do Partenon Literário, fosse com poemas, notas, narrativas, biografias ou crônicas sobre a sociedade cultural, além de exercer a presidência da agremiação no ano de 1879.

A produção escassa compreendida entre o período de 1875 a 1912 (data de publicação de Folhas caídas, a primeira compilação de crônicas a ser veiculada em forma de livro pelo autor), decorre do fato de o cronista ter dedicado seu tempo tanto ao magistério, quanto aos trabalhos administrativos no Jornal do Comércio. Interessante apontar também que é apenas a partir de 1920 que Aquiles se mostrou mais profícuo em suas empreitadas editoriais, produzindo e publicando doze livros. Especula-se que isto provenha do fato de Aquiles gozar de uma idade já́ avançada e que outras atividades não mais lhe fossem possíveis para complementar seus proventos. Embora os relatos do próprio autor sejam esparsos, é provável que muitas das crônicas presentes em seus livros tenham sido veiculadas nos periódicos O Mosquito e A Escola; n’A Notícia; no Jornal do Comércio, na coluna diária “Variações”, que teve sua primeira publicação em 1891; e no Correio do Povo, na seção “Instantâneos”, a partir de novembro de 1904, e no espaço denominado “Reminiscências”, em 1922, no mesmo jornal.

Henrique Perin

Para saber mais:

ANTONIOLLI, Juliano Francisco. Através do passado: crônica, biografia e memória na série pedagógica de Aquiles Porto Alegre (1916-1920). 2011. Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
FRANCO, Sérgio da Costa. Gente e espaços de Porto Alegre. Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS, 2000.
HESSEL, Lothar F. et al. O Partenon Literário e sua obra. Porto Alegre: Flama; IEL, 1976.
MARTINS, Ari. Escritores do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS, 1978.
MONTEIRO, Charles. Porto Alegre e suas escritas: história e memória da cidade. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006.
PERIN, Henrique. A crônica de duas cidades: saudade e melancolia na escrita de Aquiles (sobre) Porto Alegre (1912 a 1925). 2022. Tese (Doutorado em História) – Escola de Humanidades, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2022.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. O imaginário da cidade: visões literárias do urbano. Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS, 1999.
SANMARTIN, Olyntho. Um ciclo de cultura social. Porto Alegre: Sulina, 1969.

VILLAS-BÔAS, Pedro. Notas de bibliografia sul-rio-grandense. Porto Alegre: A Nação; IEL, 1974.

Publicação do verbete: fev. 2025.