Capa do primeiro número de O Álbum, de jan. 1893.
Dirigido pelo comediógrafo e cronista Artur Azevedo (1855-1908) e impresso por H. Lombaerts & Cia., o hebdomadário O Álbum circulou no Rio de Janeiro, então Capital Federal, de janeiro de 1893 a janeiro de 1895, tendo somado 55 números. Não havia compromisso de publicar em determinado dia da semana ou do mês, apenas com a quantidade de números previstos para cada mês.
Com paginação contínua, os 52 números de cada ano deveriam ser encadernados em volumes de 416 páginas, — prática comum de publicações semanais do século XIX. Com duas colunas, cada página era delimitada por cercadura de fios duplos com detalhes ornamentais nos ângulos internos. A primeira página trazia no alto o título do periódico em tipos de fantasia com o A atravessado por uma pena, símbolo da escrita, e todas as letras entrelaçadas por um ramo florido. Do ponto de vista da arte tipográfica, a novidade e o grande atrativo do periódico eram o retrato fotográfico de alguma celebridade que vinha encartado à parte, em folha própria, independentemente da composição das páginas de texto.
Os exemplares tinham de ser adquiridos exclusivamente na Companhia Fotográfica Brasileira, responsável pelas fototipias, ou nas livrarias Lombaerts, Enciclopédica e Lachaud, uma vez que a remessa por correio poderia danificar as reproduções fotográficas impressas em papel couché.
Com a experiência prévia de ter sido responsável pela publicação da Revista do Rio de Janeiro (1877), do Revista dos Teatros (1879), da Gazetinha (1880-1881) e da Vida Moderna (1886), Azevedo lançou-se à aventura de mais um empreendimento lítero-jornalístico, que em novembro de 1893 foi interrompido pelos acontecimentos da Revolta da Armada e da Revolução Federalista, sendo retomado somente em abril de 1894. Por “preguiça”, segundo o próprio diretor, deixou de circular da segunda semana de junho a agosto de 1894. Ao ser retomado em setembro daquele mesmo ano, O Álbum circularia de maneira irregular até seu fim definitivo em janeiro de 1895. Nele saíram encartados, acompanhados de nota biográfica, os retratos de Machado de Assis (n. 2, jan. 1893), Olavo Bilac (n. 13, mar. 1893), Moreira Sampaio (n. 16, abr. 1893), Eduardo Garrido (n. 21, maio 1893), Luís Murat (n. 26, jun. 1893), Afonso Celso (n. 28, jul. 1893), Ferreira de Araújo (n. 31, jul. 1893), Valentim Magalhães (n. 33, ago. 1893), Fontoura Xavier (n. 35, ago. 1893) e Aluísio Azevedo (n. 54, jan. 1895), irmão do diretor.
Além da biografia de uma celebridade artística ou política, com a qual se abria cada número, o hebdomadário trazia a “Crônica fluminense”, com comentários mais ou menos jocosos de fatos recentes; a seção “Teatro”, com breve resenha dos espetáculos em cartaz; e a partir do número 40, “De palanque”, nova seção de crônica. Eventualmente, saíam resenhas de obras literárias. O Álbum dedicou-se também a publicar, em grande quantidade, textos literários inéditos como contos, poemas e o romance-folhetim Amor de primavera e amor de outono (tipos de mulheres), de Alfredo Bastos, narrativa seriada que ficou incompleta com o fim do periódico.
Para saber mais:
STOPA, Rafaela. As crônicas de Artur Azevedo na revista literária O Álbum. 2010. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Estadual Paulista, Assis, 2010.
Sobre o periódico:
Há coleções completas do periódico disponíveis on-line na Hemeroteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional e na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, sob a guarda da Universidade de São Paulo. Reprodução em microfilme está disponível para consulta no Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa (CEDAP), pertencente à Faculdade de Ciências e Letras de Assis (UNESP).
Publicação do verbete: maio 2024.