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O Espelho

O Espelho – Revista Semanal de Literatura, Modas, Indústria e Artes foi um periódico que circulou na cidade do Rio de Janeiro no século XIX, entre 1859 a 1860. Sua edição inicial aconteceu no primeiro domingo de setembro de 1859, perdurando até o segundo domingo de janeiro de 1860, em um total de dezenove edições. Destinado principalmente ao público feminino, ou ao “belo sexo”, como aparece no prospecto da primeira edição, o periódico tinha a intenção de ter “a maior circulação possível” (“Prospecto”, 1859, n. 1, p. 1) e, para isso, era preciso torná-lo prazeroso e variado, de forma que instruísse com moralidade tanto o rico como o pobre.

A revista foi dirigida por Francisco Eleutério de Sousa, sendo impressa, nas quatro primeiras publicações, na Tipografia de Francisco de Paula Brito, localizada na Praça da Constituição, n. 64 (atual Praça Tiradentes). Paula Brito é um nome importante no cenário literário da época, já que foi o precursor da imprensa negra no Brasil e o primeiro editor de Machado de Assis. Da mesma praça, só que no n. 9, saíram, sem interrupção, as outras nove edições (da 5ª à 13ª) e, mais tarde, a 18ª e a 19ª edições, com a Tipografia Comercial de F. O. Queirós Regadas. As outras quatros publicações, da 14ª até a 17ª, ficaram sob a responsabilidade da Tipografia Americana, de José Soares de Pinho, na rua da Alfândega, n. 197.

Constância Lima Duarte, em Imprensa feminina e feminista no Brasil – Século XIX: dicionário ilustrado, afirma que, a partir da 13ª edição, quem assume a direção da revista foi Silva Rabelo. Todavia, durante a análise dos materiais originais da revista, nada foi encontrado que confirmasse essa informação, sendo Eleutério de Sousa o responsável pela direção e redação em todos os números.

 O periódico permaneceu com o mesmo design gráfico em todas suas edições, ainda que tenha sido impresso em locais diferentes. Com uma apresentação simples, de páginas divididas ao meio por um traço na vertical, cada publicação tem entre dez e treze páginas. Possui poucos anúncios publicitários e ilustrações. Colunas que aparecem com regularidade são: “Revista de teatros”, dedicado a comentários e críticas teatrais; “Crônica elegante”, que oferecia dicas e tendências da moda da época; e “Notícias à mão”, onde eram noticiados os últimos acontecimentos da semana.

Há o predomínio da estética romântica, reflexo do período literário vivido no Brasil no século XIX, com um repertório marcado pela diversidade textual: capítulos de romances, poemas, trechos de peças de teatros, lendas e músicas. Escrito apenas por homens, o periódico é marcado pela idealização física e moral das mulheres e de elementos e nomes da Igreja Católica. Contou com a contribuição literária de escritores importantes, como Machado de Assis, Casimiro de Abreu, Paula Brito e Alexandre Dumas.

Recorrente na revista, Machado de Assis contribuiu com textos de temas e gêneros diversificados. Alguns dos seus trabalhos para a revista foram as colunas “Revista de teatros” e “Ideias sobre teatro”; a publicação de uma crônica intitulada Aquarelas, uma sátira em quatro capítulos que critica personagens típicos da sociedade brasileira: “Os fanqueiros literários” (n. 2), “O parasita” (n. 3 e 6), “O empregado público aposentado” (n. 7) e “O folhetinista” (n. 9); poesias, como “A estrela da tarde” (n. 1); e lendas, como Os imortais (I. O caçador de Harz, n. 3; II. O marinheiro batavo, n. 4).

Ainda que não fizesse parte do objetivo da revista, a política não ficou de fora das colunas do O Espelho. Na primeira edição foi publicada uma nota de pesar pelo falecimento de D. Estefânia, rainha de Portugal casada com o rei D. Pedro V, e que ilustra a relação, não só política, mas afetiva que o Brasil ainda matinha com Portugal. Além da política, a relação entre Brasil e Europa esteve presente nas tendências da moda. Os trajes que chegavam da França eram descritos pela revista como parte do que era belo nas mulheres de bom gosto, mostrando a influência masculina e europeia nas vestes femininas brasileiras.

 Júlia Bezerra Sisnando

 

Para saber mais:

BRITO, Francisco de Paula Brito. Heróis de todo mundo. Fundação Roberto Marinho, 2010. Disponível em: http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/franciscobrito. Acesso em: 28 ago. 2020.
COSTA, Maria Ione Caser. O Espelho – Revista Semanal de Literatura, Modas, Indústria e Artes. Biblioteca Nacional Digital Brasil. Fundação Biblioteca Nacional, 2020. Disponível em: https://bndigital.bn.gov.br/dossies/periodicosliteratura/titulosperiodicosliteratura/o-espelho-revista-semanal-de-litteratura-modas-industria-e-artes. Acesso em: 8 out. 2020.
DUARTE, Constância Lima. Imprensa feminina e feminista no Brasil – Século XIX: dicionário ilustrado. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.
HEMEROTECA digital brasileira. O Espelho - Revista Semanal de Literatura, Modas, Indústria e Artes. Biblioteca Nacional Digital Brasil, 2020. Disponível em: http://bndigital.bn.br/acervo-digital/espelho/700037. Acesso em: 8/10/2020.
O ESPELHO – Revista Semanal de Literatura, Modas, Indústria e Artes. Ed. fac-similar. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008.

 Sobre o periódico:

Na Biblioteca Nacional, na divisão de Obras Raras, no Rio de Janeiro, podem ser encontrados exemplares originais, menos a 19ª edição, que se encontra no acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa, também no Rio de Janeiro. A edição fac-similar (2008), editada pela Biblioteca Nacional, reúne as dezenove edições. A Biblioteca Nacional Digital do Brasil disponibilizou, em acesso on-line, dezoito das dezenoves edições.

(O ESPELHO - Acervo digital)

Assunto: E